Eu tenho uma mania: testo receitas com meus amigos. Sempre. Eu gosto de cozinhar coisas diferentes o tempo todo, tenho alguns pratos aos quais sempre recorro, mas gosto de conhecer sabores novos, outros jeitos de preparar e misturas inusitadas. Pra mim não tem jeito melhor de fazer isso do que tendo amigos como álibi. Para quem gosta de jogar na segurança o recomendável é testar as receitas antes de apresentar pros convivas: a segunda vez que fazemos algo geralmente fica melhor que a primeira. Mas às vezes a urgência é maior, a vontade de descortinar novos gostos feitos com as próprias mãos não consegue esperar uma segunda oportunidade pra compartilhar com outras bocas curiosas. Além do que existe uma chance grande de dar certo de primeira, e se não tem ninguém pra testemunhar é quase como se não tivesse ficado bom!

Saber o que está fazendo e a segurança que vem disso são fatores positivos e importantes para criar, passamos muito tempo estudando, nos preparando pra finalmente relaxar e fazer o que precisamos sem stress. Se não nos preparássemos e vivêssemos no freestyle o tempo todo nossos estômagos se corroeriam de ansiedade. MAS o cérebro de pessoas criativas (aka todos os cérebros humanos) precisa de novidade, de estímulo. E é por isso que queremos aprender sempre algo novo, fazer mais um curso, assistir àquela palestra do TED que te faz pensar por algumas horas. Então o balanço da vida é esse: um pouco de previsibilidade e um pouco de emoção. Rotina e adrenalina. Insira aqui a sua dualidade preferida!

O fazer criativo segue a mesma lógica: não dá pra ser totalmente doidão e criar algo genial do nada o tempo todo, até porque nada se cria do nada(falaremos disso num outro email). Uma cabeça criativa precisa de um certo grau de certezas pra poder se soltar no desconhecido, e a partir daí criar algo novo. Mas eu fico me perguntando: será que já não temos certezas suficientes? Você aí, quantas coisas você já sabe sobre o que gosta de fazer? Provavelmente muito mais do que todos os seus amigos. Então não seria a hora de parar de buscar mais certezas e proporcionar a seus amigos e clientes algo diferente e único, que só você pode oferecer?

Essa semana eu li uma entrevista na Gama com a Bárbara Soalheiro, uma mulher maravilhosa que sempre cria realidades incríveis e tem uma visão muito fresca e libertadora sobre o trabalho. Ela conta uma história sobre medo, e a conclusão é “Just run and jump” (Só corre e pula!). Eu amo essa história quero sempre lembrar dela. Na verdade, essa frase é boa até pra tatuar rs.

Quantas vezes a gente se segura, diz que não vai fazer algo porque não sabe o suficiente, porque não tem certeza se vai ficar bom, porque tem medo de passar vergonha, quando na maioria das vezes você vai dar conta de fazer o que precisa ser feito, porque você já conhece várias partes do processo, e o tchãns, o xablau vai ser essa novidade/desafio que vai te deixar num estado de espírito super animado e atento, capaz de reagir rápido e encontrar as soluções necessárias. E a mágica mora aí. Quando você concluir vai estar com o corpo cheio de energia e adrenalina, com a sensação de ter realizado algo que antes não existia, e que altera a vida das pessoas. Mesmo que não tenha ficado 100%, mesmo que tenha sido um 60%… 60% passa, e é bem melhor que 0%.

Vou contar só mais uma história: há vários anos uma outra amiga sábia e maravilhosa, vendo um momento meu de insegurança, me disse: “Se você não confia na sua capacidade, confie na ignorância dos outros”. E ignorância aqui não tem carga pejorativa, mas tem a ver com o fato de que quase todo mundo a sua volta ignora o assunto e as técnicas que você passou horas estudando e treinando.
Precisamos exercitar o Just run and jump! A cada pulo o medo é menor e pode ser até bem gostoso!Domingo cozinhei pra 4 amigos, e o povo raspou as panelas, literalmente! Quem me segue no instagram viu! rs
Eu usei receitas do Ottolenghi, da Noor Murad e da Ana, do Vegan and Colors. Fiz algumas adaptações pra deixar tudo vegano e deu certo! Quando dá errado a gente dá risada, pede um delivery e segue com a conversa! <3

*Eu amo como as cores dos pratos se complementam, comemos também com os olhos, não é?!


Alho poró confit com lentilhas (eu usei ervilhas congeladas)
Grão de Bico Tandoori (esse foi hit!)


Torta de couve flor e massa filo (eu substituí o creme de queijo por uma espécie de mingau de fubá e leite de amêndoas com cebola roxa e muuuito missô) (O link leva para o passo a passo nos stories da Noor! Perfeita essa mulher.)
Barrinhas crocantes de chocolate, é tipo um fudge, e dá aquela animada depois de muitas taças de vinho (;